Passeata contra a repressão - 1970
A imagem de submissão feminina ao homem ainda persiste (com muito esforço) em páginas de jornal, revistas, folhetos e outros, retratando fatos que ocorrem nos seus domicílios, assim como fora deles. A luta feminista, antes monologa, hoje, adota um caráter unissex e começa a ser discutida com mais freqüência pelos filósofos do Direito. A alteridade associada à figura feminina, de fato, não era algo que os homens em sua totalidade apregoavam, sendo excluídas e injustiçadas nas mais variadas situações. Após longas mudanças sociais, algumas que sucederam lentamente – e é este o caso -, a mulher começa a deter visibilidade na sociedade moderna pelo despertar das suas potencialidades, antes sem oportunidade.
É a partir do século XIX que o Brasil começa a presenciar a insatisfação, exposta, das mulheres, através de manifestações que toma nome de Movimento Feminista. E neste momento, buscam principalmente, a conquista do título de cidadão (detendo o poder ao voto) e a emancipação da mulher sobre o homem. É interessante notar que ao longo de tantas lutas, este movimento, pertencia a um grupo de minoria e não eram todas as mulheres que o seguiam, ao contrário, pouquíssimas.
Entre as componentes desse seleto grupo, havia um número considerável de intelectuais no Brasil, entre as quais se destacam: escritoras e artistas plásticas. Com o tempo, muitas outras. Pois bem, estimado leitor (a), eram estas que exauridas de humilhações, se impunham.
Não nos esqueçamos de refletir sobre a época... Nas indústrias, começou com jornada de trabalho de 17 horas, onde era humilhada, espancada e com salário 60% menor em relação ao homem, além das péssimas condições de higiene do ambiente. Obrigadas a se prostituir, a se calar, negadas à instrução. Isso na Inglaterra, mas nossa realidade não era diferente.
Em Paris, vozes e mais vozes, gritos seguiam rumo a Versalhes. O que essas vozes que chegavam a se perder no ar gritavam? “Liberté, Égalité, Fraternité”. Este foi o início.
Objeto ou coisa? Qual adjetivo vocês preferem? É importante que todas percebam sua luta, porque, de fato, ela não pertence apenas as de antes, mas a cada uma das mulheres que vivem e estão por vir. Pertence também ao nosso Sistema Jurídico que tem a missão de resguarda os direitos de todos. Como esquecer a referência da Organização das Nações Unidas (ONU) ao instituir os 12 direitos conquistados pelas mulheres: Direito de não ser submetida à tortura e maltrato, Direito de decidir ter ou não filhos, Direito a privacidade, Direito a vida e a liberdade, entre outros.
De imediato, seria vago não citar o caso de Maria da Penha Maia Fernandes, que contribuiu decisivamente para efetivação não apenas de leis, mas consequetemente de delegacias exclusivas para tratar dos casos de agressão a mulher em seus domicílios. Essa feminista que embutiu na história do Brasil sua trajetória, na qual, ao tentar ser assassinada por duas vezes por seu ex-marido (na primeira, ele fingiu assalto e disparou contra ela, e na segunda, tentou eletrocutá-la.), teve caso conduzido até a Organização dos Estados Americanos (OEA), instância superior a nossa Constituição.
Louvemos a guerreira Maria da Penha, a saudosa sufragista Bertha Lutz, a ilustre Dionísia de Faria Rocha (pseudônimo de Nísia Floresta Brasileira Augusta) e a tantas outras que batalharam e que ainda hoje perseguem esse ideal. Louvemos a mulheres como você que lê neste instante essa postagem, porque se dispôs a uma reflexão conjunta, vamos lutar todos. Novos ares estão por vim, temos um país presidido por uma feminista, e se ainda assim você se nega a crer em bons tempos, baseado na sua trajetória e parafraseando o presidente dos EUA, Barack Obama, eu afirmo: Yes, we can!
Por Welhinjton Cavalcante